top of page
NOME 3 - 29,7 x 42 cm.jpg

Penhasco 01

acrílico e grafite sobre tela, 21x30 cm, 2014 

​

Uma autoexecução em série onde o corpo, o desejo e o pensamento se empurram mutuamente até a beira da existência. Três figuras compõem o drama: o ser sem rosto — sombra interna e indizível — agachado ao fundo como quem assiste em silêncio; a guilhotina — relíquia de tempos que nunca passaram; e o empurrão — gesto final que encerra uma linhagem de eus.

A figura que cai não grita. Tem o corpo curvado, resignado, como quem já entendeu que cair também é libertação. Já quem empurra, pisa firme com pés desproporcionais — símbolo do peso da decisão, da responsabilidade pelo próprio abismo. O fundo amarelo vibrante, quase ensolarado, contrasta violentamente com o tema sombrio: nem todo brilho é luz, nem toda luz é salvação.

A cena não é apenas sobre morte: é sobre purgação. É necessário empurrar algumas versões de si mesmo para o vazio, arrancá-las com força, degolá-las com silêncio. “Penhasco” é ritual de corte — não só da cabeça, mas daquilo que paralisa, que suga, que impede. A obra é um gesto desesperado de reinício.

bottom of page