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hora errada
acrílico sobre papel, 21x29 cm, 2018
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O grito se ergue como lâmina no ar, cortando o silêncio espesso. A figura central, cinzenta e vazia, parece moldada pelo próprio eco que a cerca. Há algo de oco no rosto — como se a voz que sai não fosse para chamar, mas para prender. O contorno vermelho pulsa ao redor do corpo, como se fosse o rastro quente de um instante que não deveria ter existido.
Do outro lado, pela janela azulada, uma silhueta pequena se aproxima, braços erguidos num gesto de entrega inocente. O encontro entre os dois mundos é inevitável, como se o tempo tivesse escolhido aquele instante para se fechar como uma armadilha. É o retrato do momento exato em que estar presente se torna um fardo impossível de esquecer.
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